sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Otimização Combinatória na Aviação Comercial


A Otimização Combinatória
Atualmente o conceito de Otimização Combinatória está bem formulado como um princípio que fundamenta a análise de muitos problemas de alocação ou de tomada de decisão. A abordagem de um problema de tomada de decisão complexo, envolvendo a seleção de valores para um número de variáveis relacionadas, usualmente tem como enfoque um único objetivo projetado para quantificar performance e medir a qualidade da decisão. Este único objetivo é maximizado (ou minimizado, dependendo da formulação) sujeito às restrições que limitam a seleção dos valores possíveis das variáveis de decisão. 
Se um único aspecto de um problema pode ser isolado e caracterizado adequadamente por um objetivo, podendo ser, por exemplo: lucro ou custo em um cenário de negócios, velocidade ou distância em um problema físico, retorno esperado em um ambiente de investimento de risco, ou bem-estar social no contexto do planejamento governamental, então uma aplicação de otimização configura-se naturalmente adequada.
Existe uma variedade muito grande de problemas no mundo real que podem ser resolvidos utilizando-se métodos de Otimização Combinatória. Todavia, encontrar soluções ótimas, ou mesmo aproximadas, para esses tipos de problemas é um desafio nem sempre fácil de ser vencido. Para alguns desses problemas são conhecidos métodos exatos para a sua solução; já para outros, técnicas que permitem alcançar resultados aproximados são utilizados como única alternativa. Nem mesmo com o poder computacional atual pode resolver-se a maioria desses problemas em tempo considerado razoável, podendo levar-se muitos anos para a execução de tal tarefa.
A Otimização Combinatória na Aviação
Além de diversos, os problemas de otimização na aviação comercial são encadeados, compondo, na verdade, um único e grande problema, que por ser tão complexo, necessita ser subdividido em porções menores para que possa vir a ser resolvido. Todavia, mesmo quando decomposto em subproblemas, dificuldades para a sua resolução persistem. Em particular, cada um desses subproblemas constitui-se em uma tarefa extremamente árdua para processamento manual, mesmo quando são realizadas por profissionais qualificados e extremamente experientes.
Restringindo-se apenas ao planejamento de vôos das empresas aéreas, é necessário definir-se inicialmente que rotas deverão ser operadas.  Para tanto, é necessário analisar-se todas as demandas existentes entre as diversas regiões envolvidas e, assim, decidir quais devam ser os pares de aeroportos a interligar em trechos de vôos da empresa. Uma vez escolhidas as rotas, é necessário dividi-las em subconjuntos adequados à operação pelas diversas frotas de aeronaves disponíveis.
A seguir, deve ser definida, para cada voo de um dado subconjunto, a aeronave específica (de sua frota associada) que irá operá-lo. Alocadas as aeronaves aos vôos, os subconjuntos devem ser divididos em jornadas de trabalho com início e fim numa mesma base de tripulantes; isso deve ser feito com o cuidado de minimizar os gastos com diárias de alimentação, pernoites em hotéis, inatividades em cidades fora das bases, vôos extras para reposicionamento de tripulantes, realização de deslocamentos, etc.
Definidas as jornadas de trabalho, essas devem ser distribuídas aos tripulantes observando-se a Regulamentação dos Aeronautas, pedidos daqueles funcionários e as regras específicas da empresa para efetuar a alocação. Concluída a distribuição das tarefas de voo e de solo (reservas e sobreavisos), deve-se cuidar da execução da escala de tripulantes, de forma a garantir eventuais substituições diante dos mais diversos imprevistos (de ordem material, aeroportuário, clima ou pessoal), sempre a um custo mínimo. A coordenação de vôos deve também estar pronta para sugerir cancelamentos de vôos e posicionamento de aeronaves em decorrência dos mesmos motivos.
Todos esses problemas de planejamento levam a uma explosão combinatória considerável, por mais simples que alguns possam parecer. Uma escala de tripulantes envolvendo 400 comissários de bordo e 800 jornadas mensais de trabalho pode produzir mais de um milhão e meio de restrições, acarretadas somente pela Legislação dos Aeronautas.
Além dessas restrições, efetuar a atribuição de forma a provocar um mínimo de desvio na quantidade de horas trabalhadas pelos tripulantes (visando ao equilíbrio da remuneração entre eles), pode tornar a decisão de alocação extremamente delicada. Tarefas como a de composição de jornadas de trabalho de uma pequena base de tripulantes, envolvendo pouco mais de 1.300 trechos de vôos semanais, podem gerar um problema de recobrimento envolvendo algumas centenas de milhões de possibilidades distintas.
Resolver esses problemas sem apoio de ferramentas apropriadas de decisão (baseadas em modelos matemáticos e algoritmos de otimização) requer muito tempo e demanda o trabalho de muitas pessoas. Mais grave ainda, o resultado obtido é, comumente, muito aquém da melhor solução possível e normalmente acarreta enormes prejuízos financeiros para as empresas que assim operam.